E foi assim que Paula iniciou seu relato. "Temos uma casa na praia. Eu não gosto muito de ir lá porque aquele imóvel sempre é palco de discussão. Eu tinha uma casa muito velha em Itaquaquecetuba e meus filhos pediram muito que eu vendesse e comprasse um imóvel junto ao mar para que pudéssemos ir durante feriados e férias. Depois de tanta insistência resolvi ceder. Na verdade a casa do imóvel quase não valia nada, o valor foi quase todo só pelo terreno, porque a residência estava caindo aos pedaços.
Pois bem, no último feriado resolvemos ir à praia. Meu genro, que não gosta muito de mim, não quis ir. Foi até um favor. Isto devido a várias discussões sobre o uso deste imóvel por parentes. Mas, como eu ia dizendo fomos passar uns dias lá.
Estava muito calor e resolvemos ir andar no calçadão junto à praia. Meu neto mais velho, de 12 anos, quis comprar pastel. Dei o dinheiro e ele foi com o irmão mais novo de 3 anos, que o segui. Daí a alguns minutos ele voltou dizendo que o irmão havia sumido."Enquanto eu pedi os pastéis pensei que ele estava atrás de mim, mas quando me virei para voltar não o vi mais!", disse o irmão já chorando. Eu comecei a gritar desesperada o nome de Nossa Senhora pedindo proteção naquele momento e que nos ajudasse a encontrar o menino. Neste momento muitas idéias ruins vêem à nossa cabeça e lembramo-nos de todas as notícias ruins sobre crianças desaparecidas. A praia estava lotada e por todos os lados que olhávamos era difícil encontrar meu neto. Minha filha correu desesperada em direção ao mar pensando que ele poderia ser atraído pela água e morresse afogado.
Todos que passavam perto ouvindo meus gritos certamente me julgavam louca. Mas uma ventania intensa começou. Cadeiras voavam, toalhas de banho, guarda-sóis e eu até pensei: Esta ventania pode até levar meu neto! Será que é um Tsunami que está se formando? Minha filha, que estava na areia avistou ao longe uma criança perto de uma senhora que parecia ser seu filho. Correu até lá e para sua grande alegria era ele. A senhora conversava com ele e o ouviu dizer: eu sumi! A mãe abraçou o filho e entre lágrimas e risos o apertava entre os braços e lhe beijava o rosto. Podem até dizer que não, mas para mim foi Nossa senhora quem salvou meu neto de desaparecer naquela multidão, por isso serei sempre grata à ela", finalizou Paula, a avó de 74 anos. Para aqueles que têm fé, estes momentos são sempre uma demonstração dos milagres de seus santos.