sábado, 23 de setembro de 2017

Depressão na mulher


Dr. Alexander Bryner, psiquiatra
A União Feminina da IEC, em Mambucaba,  promoveu, durante 7º Chá da Primavera 2017, palestra do Dr Alexander Bryner sobre Depressão na mulher.
Foram discutidas as causas, sintomas e tratamentos deste distúrbio. A depressão, se não tratada, pode levar até mesmo ao suicídio. O Brasil, participa, desde 2014, da Campanha mundial de prevenção ao suicídio. E ações como a Dr. Brayner, auxiliam na conscientização do problema.
Na ocasião, o psiquiatra lembrou que a depressão é considerada o mal do século e a mulher tem duas vezes mais depressão que o homem.  Alguns preconceitos sobre a doença fazem com que muitos pacientes não procurem ajuda. Como pensar que depressão não é doença, ou que antidepressivos podem causar dependências. Mas, a depressão é reconhecida pela OMS como uma patologia complexa, que apresenta vários componentes biológicos e que deve ser tratada adequadamente. Este debate  é importante visto que possibilita desmistificar o assunto e encoraja as pessoas a buscarem auxílio médico, sendo também, uma grande contribuição à sociedade.

CAUSAS DA DEPRESSÃO
Entre algumas causas da depressão ele apontou fatores genéticos e hereditários, psicossociais,  hormonais, ingestão de álcool e drogas, reações medicamentosas e nutricionais, como baixa taxa de B12.
A depressão, segundo o Dr Brayner, pode estar etiologicamente relacionada a distúrbios do sono, transtornos alimentares.
Há casos, em que a depressão pode durar 2 semanas, ou cerca de 2 anos, como a destemia e pode ainda ser classificada como bipolar, que é a instabilidade de humor.

SINTOMAS
Os depressivos apresentam alguns sintomas  e muitas vezes aqueles que estão em volta não percebem como um quadro depressivo, como pensamentos negativos e pessimismo sobre si mesmo, sobre as pessoas e sobre o mundo e o futuro, dificuldade de se concentrar, vive remoendo o passado. Temos ainda sintomas emocionais como tristeza, depressão, choro fácil, sentimento de culpa, irritabilidade, angústia.  Acrescentamos também os sintomas comportamentais como a falta de interação e isolamento.
Outro dado importante que deve ser notado no depressivo é a perda de prazer em fazer coisas que gostava de fazer. Como por exemplo a mulher que era vaidosa e de repente passa até dias sem pentear o cabelo, sem querer mais se arrumar.
O depressivo pode apresentar também sintomas físicos. “A perda de peso, ou o ganho de peso, falta de sono, ou muito sono, falta de energia, são alguns desses casos”, frisou Dr. Brayner.

Chá da Primavera com palestra do Dr. Alexander Bryner
Mas, e os tratamentos?
Dr Brayner, relatou que o emprego da psicoterapia cognitiva comportamental, segundo pesquisas em todo mundo, tem dado os melhores resultados no combate à depressão. “Há casos em que se faz necessário tratamentos medicamentosos e em raros casos o eletrochoque, mas já com uma abordagem diferente daquela usada na década de 70. Ninguém está livre de apresentar um quadro de depressão, até mesmo pessoas consideradas fortes, firmes podem em algum momento de sua vida cair neste estado.” Lembrou Dr. Brayner. Para ilustrar citou o caso do profeta Elias, que mesmo tendo vencido vários inimigos, estar no auge de sua glória e fama, caiu em depressão após as palavras duras que uma mulher lhe apresentou.  “A palavra tem poder, principalmente daqueles que estão mais próximos de nós como marido, esposa, pai, mãe, um amigo.” Daí a necessidade de termos cuidado sobre como falamos com aqueles que estão ao nosso redor.

GENTE PRECISA DE GENTE
Buscar amigos é, segundo o Dr. Brayner, uma forma de ponte para a saída da depressão.
Não podemos viver dentro de uma caverna, saia, busque amigo próximo e pessoal e contato social.

NÃO PISE NO TUBO DE OXIGÊNIO DO OUTRO
Certa vez um amigo foi visitar outro no hospital. Quando lá chegou, viu o paciente entubado. Chegou perto dele e percebeu que o outro tentava se comunicar, como não conseguia falar pediu por gestos, com muita dificuldade, um papel e uma caneta para escrever. Mas quando finalmente entregou o papel ao amigo ele desfaleceu totalmente e morreu. O amigo, na correria do momento e assustado com a movimentação de médicos tentando fazer uma última reanimação sem sucesso, colocou o papel no bolso e se esqueceu dele. O colega permaneceu no local dando assistência à família, buscando ajudar no que podia. Quando foi para casa e se ia se despir para tomar um banho, enfiou a mão no bolso da calça e percebendo um papel abriu e começou a ler. Lá estava bilhete que o amigo lhe dera no momento derradeiro, onde se lia: “Você está pisando no meu tubo de oxigênio, saia!” Foi então que ele percebeu que, querendo ajudar, acabou ceifando a vida do colega. Aqui, a lição que fica é que se você for buscar ajuda, tenha certeza que o outro não vai “pisar em seu tubo de oxigênio”. Esteja próximo de quem vai te ajudar a sair desse quadro, se levantar.

“O depressivo fica em uma condição de autocomiseração, foca somente nos problemas”
As intervenções psicológicas são extremamente necessárias para tirar o depressivo deste fechamento em si mesmo. É importante amplo suporte social a estes pacientes. "Até mesmo o cuidado com a alimentação, atividade física, não se isolar, buscar contato social e principalmente fazer o que gosta, enxergar o que você tem de bom, sua família, um teto para morar, e todas as capacidades de realizar algo que lhe dê prazer" ressaltou o psiquiatra.

Vale lembrar que pesquisas médicas apontam as mulheres depressivas como menos propensas ao suicídio visto que têm taxas menores de dependência do álcool, maior inserção em meios religiosos, percebem mais claramente os sinais de depressão e buscam por apoio social e médico. Já os homens por fatores culturais têm mais pressão para se mostrarem fortes e procurarem ajuda, abusam mais de álcool e substâncias psicoativas o que provoca mortes mais violentas entre eles, como o suicídio.